quarta-feira, 30 de julho de 2008

Mataram a Avestruz! (Ana Maria Maruggi)




Há dias a cidade Hortinha se preparava para o Natal que desta vez se realizaria a céu aberto com união de todas as famílias da cidade. Uma grande iniciativa da prefeita Dona Augusta Avestruz Lima, a qual seria composta de uma única mesa com mais de duzentos metros de cumprimento que seria montada na praça olímpica e a explosão simultânea de muitos fogos de artifício na contagem regressiva. A festa prometia!

A cidade inteira estava mobilizada nesse evento. As rádios locais já anunciavam a grandiosidade da festa o que fazia com que outros municípios entrassem em polvorosa. Os prefeitos dos partidos adversários contestavam dizendo que a festa natalina é familiar e deve ser realizada no aconchego do lar. Outros diziam que a prefeita Augusta estava utilizando de verbas públicas numa ação eleitoreira. E havia quem achasse um desperdício de verba haja vista que a cidade de Hortinha necessitava de um hospital ou um pronto socorro, pois as pessoas morriam à caminho do atendimento mais próximo que distava 13 quilômetros. Mas Dona Augusta não se deixava abater e animava mais e mais a população com os proprósitos do Natal. Muitas empresas se inscreviam para "colaborar" com a festa em troca de incentivos fiscais.

Tudo estava indo bem quando uma notícia correu pelos ouvidos dos Hortinhenses: “a prefeita foi baleada”. Os jornais noticiaram como revide político. A distancia da cidade até o hospital mais próximo foi o inimigo maior de dona Augusta e ela morreu à caminho do hospital. O vice-prefeito opositor de Dona Augusta assumiu imediatamente o cargo, e o caso passou a ser um caso de polícia. A festa acabou quando os jornais estamparam em primeira página a pior manchete natalina para aquela cidade: “MATARAM A AVESTRUZ!”...

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