terça-feira, 16 de setembro de 2008

Oficina de hoje (16/09)

O texto abaixo foi distribuido para os participantes da oficina no dia 16 de setembro.
Como faltou muita gente estou disponibilizando para que todas tenham acesso.
No final da 3ª página ha dois exercícios para serem executados e gostaria que ambos fossem feitos para serem levados ao proximo encontro:



PERSONAGENS DE FICÇÃO:

Personagem:
As criaturas que atuam nas narrativas de ficção, por exemplo: Grande Othelo no papel de Macunaíma, na adaptação da obra literária para o cinema.
Este artigo fala sobre a personagem, mas também poderia falar sobre o personagem. Personagem é um substantivo de dois gêneros. Isto quer dizer que podemos usá-lo indiferentemente no masculino ou no feminino.
No caso da ficção, de que vamos tratar, há uma leve tendência entre os estudiosos a usar o substantivo no feminino.

Mas que é a personagem? Na ficção, isto é, nos textos narrativos, personagem é aquele ser que pratica as ações narradas.

Por exemplo, Macunaíma (que dá título ao romance de Mário de Andrade) é uma personagem que vive uma história, e não uma pessoa que vive a vida real.

Personagem é uma entidade literária que vive a ação. Vejamos algumas definições de personagem dadas pelo "Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa":
• pessoa fictícia posta em ação numa obra dramática,
• imagem que representa uma pessoa,
• personagem que figura numa obra narrativa,
• figura humana imaginada pelos autores de obras de ficção,
• o homem definido pelo seu papel social ou comportamento.

A personagem de ficção
Dessas definições podem ser extraídas algumas conseqüências importantes. Sabemos que há personagens no teatro, no cinema, na literatura e até na vida! Mas vamos tratar aqui das personagens dos textos de ficção, basicamente dos contos, das novelas e dos romances.

Sabemos que a personagem é um ser ficcional, que é criada por um autor, e que adquire vida quando posta em ação. Numa obra literária, o que define a personagem é o que sabemos dela, e o que sabemos dela é o que o narrador nos conta. Personagens e narrador estão, pois, em estreita conexão. O narrador dá nome às personagens, descreve suas características físicas e psicológicas, faz comentários a respeito delas e, principalmente, coloca-as em ação.


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Classificando as personagens

Um texto ficcional apresenta, geralmente, personagens principais e personagens secundárias. A personagem principal é protagonista da história. Se houver uma personagem que se opõe à personagem principal, um vilão, por exemplo, recebe o nome de antagonista.

O protagonista de um texto de ficção pode ter qualidades muito elevadas. Pode ser forte, ou virtuoso, ou inteligente ou corajoso ao extremo. Neste caso, ele é um herói. Mas pode ser que o protagonista não tenha as qualidades do herói muito pelo contrário. Nesse caso, ele é um anti-herói.

Um exemplo de anti-herói é Macunaíma, do romance de Mário de Andrade, que o próprio autor afirma ser um "herói sem nenhum caráter”.

Mas como conhecer a personagem? Podemos conhecer a personagem através da descrição do narrador, através de suas ações e também através de suas palavras.

Tipos de discurso
O narrador pode nos dar a conhecer a fala das personagens através do discurso direto ou do discurso indireto.

No discurso direto, conhecemos a personagem através de suas próprias palavras. Para construir o discurso direto, usamos o travessão e certos verbos especiais, que chamamos de verbos "de dizer" ou verbos dicendi. São exemplo de verbos dicendi os verbos falar, dizer, responder, retrucar, indagar, declarar, exclamar e assim por diante.

Na seguinte passagem do romance "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, ficamos sabendo do sofrimento e da rudeza de Fabiano, o protagonista, através da forma como ele se dirige ao filho.

"Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.
- Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai."

No discurso indireto, o narrador "conta" o que a personagem disse. Conhecemos suas palavras indiretamente. A passagem mencionada acima ficaria assim:

"O pai gritou-lhe que andasse, chamando-o de condenado do diabo."

Há ainda, uma terceira forma de conhecer o que as personagens dizem. É o discurso indireto livre. Nesse caso o narrador passa do discurso indireto para o direto sem usar nenhum verbo dicendi ou travessão.

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Por exemplo, numa outra passagem de Vidas Secas, o narrador usa o discurso indireto livre para caracterizar a personagem de seu Tomé:

"Seu Tomé da bolandeira falava bem, estragava os olhos em cima de jornais e livros, mas não sabia mandar: pedia. Esquisitice de um homem remediado ser cortês. Até o povo censurava aquelas maneiras. Mas todos obedeciam a ele. Ah! Quem disse que não obedeciam?"

Podemos observar que a última reflexão não é do narrador, e sim da personagem, pensando sobre a questão.

*Este texto é de Heidi Strecker, filósofa e educadora.



1. Para você exercitar (em sala):
Agora vamos propor um breve exercício. Você é o narrador. Use a imaginação e crie uma personagem.

a. Primeiro dê um nome à personagem.
b. Depois descreva suas características físicas.
c. E descreva suas características psicológicas.
d. Comente com o leitor algumas peculiaridades desta personagem.
e. Coloque-a em ação, numa pequena cena. Deixe que ela fale com uma outra personagem, criando um pequeno diálogo em discurso direto.
f. E por último, junte as peças e monte seu texto.
Cuide para não usar palavras comuns e “lugares comuns”. Faça frases curtas. O texto não pode ultrapassar 15 linhas.


2. Para exercitar (em casa) para o blog:

Baseando-se no trecho já apresentado de Graciliano Ramos, crie um texto dando às personagens as mesmas características rudes de vida, descrevendo a característica física que você imagina que eles possuam, levando-as à uma ação onde possa ser aproveitado esse trecho citado (siga o roteiro usado de “a” a “f” usado em sala). Sugira uma resposta do filho:

"Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se.
O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.
- Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai"



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