sábado, 18 de outubro de 2008

Caminhos opostos - Isabel C. S. Sousa




Caminhos opostos

Isabel C. S. Sousa


Parecia tudo cor-de-rosa – depois de um casamento regado por uma paixão avassaladora - amor estilo romântico – tranqüilo... doce...


Ana - vinte e cinco anos – sedutora – olhos brilhantes – corpo graciosamente arredondado – passos macios e firmes – possuía tudo o que fascinava Pedro.
Pedro – cerca de trinta e cinco anos - era elegante - olhos esverdeados iluminavam seu rosto moreno – sua conversa fluía com desenvoltura e se denotava certa experiência de vida.


Ana se encantou por ele.


Seria o casamento perfeito, juntando os sonhos de ambos e estabilidade financeira.


Assim, algum tempo se passou e Ana fazia de sua vida um conto de fadas.
Até que um dia, há sempre um dia que nos rouba a fantasia. Em um programa de TV, Ana vê a foto de seu marido estampada na telinha fazendo parte dos procurados pela policia.


Foi como se a noite baixasse de repente e as estrelas se apagassem.
Descobriu então, que ele era traficante.


Atordoada pensou conversar com ele – pedir-lhe para mudar de vida.
Perguntar-lhe por que a havia enganado?


Seria óbvia a resposta, ele diria:


“Se eu lhe contasse você me rejeitaria e eu a amo demais!”


Não havia dúvida que ambos se amavam.


Ana pensou muito de inicio e tentou fingir ignorar a vida dupla de Pedro. Mas era difícil, se sentia hipócrita. Então abriu o jogo revelando ao marido a sua descoberta dizendo que não iria ser cúmplice fingindo que nada sabia - e reforçou – ou você sai dessa vida ou nosso casamento acaba aqui.


Pedro fez um enorme esforço para se manter calmo: Ana, eu amo você, só quero o seu perdão, mas o meu envolvimento é tão grande! A minha cabeça está a premio. Tentei levar uma vida digna depois de conhecer você, mas a vida do crime chega a tal ponto que não tem mais volta.


Alojou-se em seus corações a sensação angustiante do fim de uma história que poderia ter sido e não foi.


Quando a policia chegou Pedro entregou-se sem resistência, mas antes abraçou a esposa pedindo perdão novamente.


Foi como se tivessem construído ao redor de suas vidas um belo jardim de cristal, e que uma tempestade destruiu repentinamente, cujos estilhaços atingiram ambos profundamente.


Ana o perdoou, mas não poderia mais viver com ele. A pena de trinta anos os separou para sempre.


Foi então, que rumou sua vida amorosa para outra paixão que a levou a construir um novo jardim, mas, desta vez com bases mais sólidas.

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