quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Meu primeiro amor - Isabel C. S. Sousa
A Isabel chegou agora à nossa oficina e já está à mil por hora!!
Seja bem vinda!
Meu primeiro amor
Meu primeiro amor passa em minha mente um tanto ofuscada por lembranças distantes.
Direi que ele aconteceu assim que aprendi a ler, ensinada pela minha irmã mais velha, bem antes dos sete anos, que era a idade de se entrar na escola.
Logo comecei a encantar-me por poesia, e a interessar-me pelos poetas. Aí, me apaixonei por Camões e ouvia a sua história com o mesmo encanto com que escutava a Branca de Neve, Cinderela... E outras fábulas.
Eu via tudo na minha imaginação...
Camões erguendo a bandeira portuguesa no final duma batalha em Fez, um mouro moribundo criou forças inexplicáveis empunhando a arma, e um tiro certeiro vazou o olho direito de Luís de Camões.
Tantos feitos!
Outro que muito me impressionou foi quando ele salvou os Lusíadas se atirando ao mar revolto numa tempestade temerosa com a mesma ânsia com que se tenta salvar um filho. Na mesma embarcação estava Dinamene, uma escrava que ele amava com paixão. Não deu para salvá-la. Ele tentou, mas não conseguiu, Dinamente foi tragada pelas águas, porém, os Lusíadas “A história de Portugal epicamente narrada” foram salvos, e o tornou imortal.
Talvez tenham sido criados mitos sobre suas paixões, não posso prolongar esta narrativa, poderia tornar-se enfadonha. Uma verdade é que ele morreu na miséria depois de ter vivido no auge e seu antigo escudeiro angariava esmolas para sobreviverem.
Acrescentarei o seguinte para justificar minha paixão por Camões:
Tive uma amiga que gostava de falar do tempo da escravidão, e me dizia:
Ah! Deveria ser bom ter escravos!
Perguntei-lhe:
Acreditas na reencarnação?
Deu uma gargalhada, e, eu também ri por que também não acredito.
Mas lhe disse:
É que fiquei pensando, que tu no passado deves ter sido uma sinhá, e, eu acho que fui a Dinamene.
Aos sete anos de idade eu escrevi o seguinte:
Luís Vaz de Camões
Símbolo da nossa história
Merecia ovações
Que o enchessem de glória
Por esmolas angariadas
Pelo Jau criado seu
Ele viveu horas amargas
Em Lisboa onde morreu.
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